quinta-feira, janeiro 29, 2009

O 9º defeito genético























Chamaram-lhe anormal,
escaganifobético, demente.
Mal eles sabiam
de Friedreich, a ataxia,
fardo que se carrega e se sente

Foi num querer singular,
supremo,
uma fábula à deriva,
um desejo profundo,
autêntico,
para aquele renascer dando vida,
fruto de paixão, um novo começo,
límpido,
num salsifré em hora tardia

Nada nem ninguém previa
o nono cromossoma doente
e que, aquele fardo pesado, dolente,
transporte de alegria e sofrimento,
mais tarde seria,
num qualquer tempo diferente,
a solidariedade de tanta gente
sob ternos sorrisos,
carinho e amor intensos


(participaçao do jogo daqui )


quinta-feira, janeiro 15, 2009

















Há momentos inesquecíveis,
outros tantos de partilha
entre aprazíveis sorrisos
Há momentos feitos de quase nadas
que tanto nos marcam
e em sussurros nos dizem:
Estou aqui, nesta presença ausente!

Aguardamos e
cuidamos que amanhã ainda é tempo…
ensejo que nos passa levemente
em maré e ondas de vento

Neste dia,
aquele imenso abraço é urgente
para que a distância da vida
nos torne unos, claros e perenes
na amizade que jamais se esquece
apesar dos percalços da vida
e do recobro do silêncio
nesta pedra que o azul suspende


(pintura de Enrique Lemus)

domingo, janeiro 04, 2009

Luar de Janeiro

































Gosto do suave perfume das flores,
das marés o salpicar,
da gota amena do orvalho,
da brisa fresca da manhã,
do sol despontando sereno
ao fundo da minha janela
que mantenho entreaberta
às aves singelas e seu trinar.

Gosto do intenso aroma a terra
enlaçado em maresia,
das pedras com musgo vestidas
na voz cândida do poeta,
da lua se esvaindo tímida
em cada novo despertar.

Gosto da árvore erecta sem rama
neste Inverno duro e frio,
do transeunte que traça
no silêncio o seu destino,
da sinfonia colorida
no infinito em pinceladas
qual pintor que beija e abraça
o belo do mundo e canta
com ternura e nostalgia
os sentimentos da vida
em Janeiro ao luar.


(Pintura de John William Inchbold)