segunda-feira, abril 28, 2008

Escrevo...




















Escrevo…
O teu nome de sombra num leito de chocolate
no envolvente degrau da espaçada memória.

Escrevo…
Omitindo a ténue licença do sol
despontado pela linha das flores,
na caixa em eterna viagem.

E, da vida,
teço outonais ramas de palavras
de infinitude suspensa.

Escrevo…
A inefável nudez da hora.


(minha prestação para o 2º Jogo daqui )

Pintura de Henry Asencio

sexta-feira, abril 11, 2008

Re-flexão


















Algo me diz que és passado
na suposição aberta de um engano.

Algo me dita palavras
de um outrora unificado
por ternos sorrisos
em pinceladas de água
quando em pontas dançava
a borda do sol poente
num oculto eternizado.

Agora, leves meus pés deslizam
sobre a rápida aproximação da calçada
talvez seguindo o rasto de outros passos,
antigos, que o tempo disfarça
em sombras de vento
que por mim correndo passam
no sentido contrário do caminho
que em silêncio me dança.



(pintura de Júlia Calçada)


Poema in "Transparência de Ser"

sábado, abril 05, 2008

Nuvens
























Dizem que são da mente espaços retidos
de quem sentindo se adentra;
Espiralados, volantes navios
ao fulgor dos beijos do vento;
O recosto dos deuses decidindo
do Homem o seu destino
que na Fortuna não pensa;
Densos rios jorrando pérolas
a quente ou frio;
Um borbulhar de correntes
suspensas, num tempo vazio;
Um acaso de alvas estradas
na pintura de um arco-íris;
Flocos de algodão doce
em afagos inter vindos;
Nas letras, respiro de verdes
num horizonte de anil
suave, qual canto omitido.


Tudo isso proverá o desatino
do poeta que à janela da noite se aninha
nos solfejos do silêncio como estigma
quando a utopia em lento fio desliza
e, sob o fumo do cigarro, canta
para além do não dito.


(pintura de Renné Magritte)


Poema in "Transparência de Ser"