sexta-feira, janeiro 11, 2008

Nós, os outros























Nós, os outros, habitamos a textura
aquosa e impura da cidade adormecida
quando o negro nela se abate

Nós, os outros, abrigamos o frio
nos jornais remexidos,
aninhados no vazio dos recantos
que o cimento e a pedra calam

Somos gente sem nome nem destino
em tempo indeterminado;
andarilhos na mão que se estende,
vestidos de invisibilidade

Nós, os outros, também sonhamos
a metáfora ténue dos papeis gastos,
da vida a essência dos dias plenos
entre a existência dos muros lentos
levantados pela hibridez da hora em viragem

Assim caminhamos o esquecimento
sob a trama da luz baça da cidade


(imagem Google)

Poema in "Transparência de Ser"