domingo, julho 31, 2005

Fado ou Sina

Será fado? Será sina?

Talvez alguma mezinha
colocada no café.

Uma reza de santo
sentada ou de pé.

Quem sabe um mero encanto
feito por encomenda
que a publicidade tenta
muita gente, incauta e lerda,
em caminhos do acaso.

Outros, mui bem pensados
em escrita medicados...
Tudo, mas tudo por bem.

O fado dolente, cantado
na voz que saber se sabia,
é aquilo - quem diria? -
que se usa e não se tem.

Ora a outra, a dita sina
seja longa, curta, fina,
até de certa espessura,
que se sabe e não se vê,
ou se tem e não se usa.

E é neste encantamento
que o fado e a sina aliados
fazem traços já traçados
em rotas d’esquecimento
apagando o que se lê.


Poema in "Transparência de Ser"

sexta-feira, julho 29, 2005

Tons de Tango

Ao som de um tango te bebo
Te enrolo no segredo
De um abraço

Não deslaço e estremeço
Colada em teu corpo vagueio
Em rubros frémitos. Entonteço

Por ti deslizo
Contorciono e revolteio
Nos balanços de dança te sigo

A flor que meus seios domina
Desfaz os longos cabelos
E caminha colorida

Sabor em gotas de água salgada
Formas de fogo espiraladas
Que sorvo partindo medos

São tons de tango que bebo

segunda-feira, julho 25, 2005

Entretanto...

Não existo entre a gente que passa
Sou a solidão da palavra
Ausente… em nada

Não percorro me quedo silente
No tempo que passar não passa
Em horas delineadas

Não sou traço sou um ponto
Que vagueia pelo espaço
De tão rodar na palavra
Fico tonta espiralada

Nada sou nada condiz
Nestes tempos avançados
M’espanto com quem me diz
Que o luar existe iluminado
Que o mar ondeia seu canto
Que o sol dá luz e quebranto
E entretanto
Me meto na concha fechada

sábado, julho 23, 2005

Em Noites Enluaradas

Em todas as noites enluaradas
Deste Verão escaldante
Passaram fogos espadas
Pelo meu corpo em marcas
De sóis desdizentes

Jamais penseis
Que se de cegueira me vesti
E me adornei
Foi porque de ilusões vivi
Contente

Estrelas mares desertos
Orvalhos brilhos e barcos
É tudo o que está certo
No percurso d’ estilhaços
Da vida
Dentro de nós sentida

Meu lema é paz alegria
Amenidade entre a gente
Lutando serenamente
O sorriso doce expandia
Cerrando a tempestade
Que planando nas árvores
Cinzas previa
Entre fogos espadas
De noites enluaradas

sexta-feira, julho 22, 2005

Amigos

Nestes últimos 3 dias a ADSL tem cortado a minha ligação
à net (erro 678).
Gentilmente deixam-me ficar on line em espaços de 3 minutos,
por vezes, o que me impossibilita agradecer e visitar-vos.
A última informação que me deram foi que possivelmente
teria de chamar a PT para resolver este problema.
Aproveito para agradecer a todos o carinho que me têm dispensado.
Um bom fim-de-semana a todos.
Até breve, espero!

segunda-feira, julho 18, 2005

Por vezes o Poema

Por vezes passa o poema vergado de horas
Um mundo passado exausto de estrelas
Seus ramos caídos em cinza folhas
Desliza um Inverno de seiva mui lenta

De timidez arrojada corre também sua voz
Num leito verde em chão de água,
Comportas, se abertas são fechadas,
Não vá o caminhante barco chegar à foz

Às vezes o poema é mordaz ou pensativo
Na fluência da palavra imaginada
Brotando fluorescências em escada
De música suave, agitada por quem ouvido

Se o poema é nu um doce sorriso espraia
Em mil flores, brilhos, amores serenos,
Mãos, olhos doces qu’enlaçando s'espalham
No pêndulo dos braços, em tempo ameno

Em azul se sabe,
Por vezes…


Poema in "Transparência de Ser"

sábado, julho 16, 2005

Uma pequena luz

Há uma luz num rochedo esbatido
Que continua a brilhar
Soltando muito a medo
Frágeis raios para o mar
Que a rodeia
Lhe enleia
Sentidos

Um barco d’água à deriva levando
Etéreas nuvens de carinho
Espalhando pétalas de rosa
Melodiosas
O barco trilhos abrindo
Sozinho…

Uma montanha de fogo havia
No mar das flores explodia
Era tão cinza e escura
Que o verde que a cobria
Desfez-se na noite dura

A pequena luz tremeluzente
Que na rocha está sentada
Abraça nuvens o barco d’água
A montanha cinza ardente
E mui doce serenamente
Sorri p’ràs estrelas orvalhada
E murmurando diz: É p’rà frente
O caminho que sentes…

terça-feira, julho 12, 2005

Caminho o Tempo

Procuro-te em poesia de letras
Memórias de tempos recentes
Racionalizo passados de curto vento
Agora peso avalio entendo
Porquê em pesares existentes

Interrogo-te nas palavras do silêncio
Transmutação de estrelas cadentes
Antes brilhantes luzentes
Em mortes camufladas e te sinto
Os sonhos desfeitos de nadas

Percorro-te em negra chuva a estrada
Que bebes em gotas d’água.
Ao som de teclas que pinto
Com Grieg danço
A doçura o encanto
Da verdade
O tempo que está comigo
Na serenidade
Do sorriso

sábado, julho 09, 2005

Nesta quentura do dia

É o leite o café da manhã
Uma toalha de linho
O dizer amo-te baixinho
Na Aurora que vai tarde
Em aroma de chocolate

É laranja lima limão
Em refrescos que os dão
Nesta quentura do dia
O que quero é tangerina
Nesta pura fantasia
De quem sequiosa espera
Uma brisa

quarta-feira, julho 06, 2005

Uma Casa de Pedra

É uma casa singela
Uma casa minhota
De pedra
Térrea

Profusos verdes a abraçam
Arbustos, árvores, a horta
E cantam
Aves

Canteiros de flores num laço
A rodeiam… num abraço
Doce, ameno
De cores

Interior de branco tranquilo
Em cada canto melodias
O eterno abrigo
Da palavra

Quem vem aflito sempre encontra
À porta, um sorriso, a gentileza
A lareira acesa
O brilho

É uma casa minhota de pedra
Onde a verdade térrea habita
E que caminha
Serena

domingo, julho 03, 2005

Caixinha do labor

Neste ponto colorido eu canto
Toada em folhas de Sol
Com verde e amarelo
Que encontrei no recanto
Da caixinha do labor
Singelo

Canto ao sorriso o calor
Hora sem tempo passado
Ao trabalho elaborado
Com carinho e amor
Em brancas penas deixado

Ao fio que a tela tecia
À garra visão amizade
Música que soa baixinho
Em ternura e carinho
E parto ao fim do dia
Enlaço serenidade